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605 Forte

O meu Mundo frase a frase. Ironia e sarcasmo usados sem aviso prévio.

Querido, Mudei a Chafarica

por F., em 05.06.17

Há uma compulsão em mim para criar blogues. Na verdade, não se diferenciam muito uns dos outros. A ideia é sempre a mesma: escrever. Não há tema. O tema é definido post a post. Passado algum tempo vem o período de saturação, elimino o blogue e crio outro - outro é apenas um eufemismo para "um igual, mas com um nome e um template diferente". 

 

É esta a forma entusiasmante que eu encontrei para vos convidar a ler aquilo que por aqui se vai escrever nos próximos tempos. Sem promessas de grandes inovações em relação aos anteriores. Na verdade, isto é apenas uma espécie de "Querido, Mudei a Chafarica". Não entendam isto de forma auto-depreciativa. Apenas não me comprometo a chamar casa a algo cuja vida está condenada à curta duração, muito provavelmente. Encaremos os meus blogues da seguinte forma: eu não sou dono deles - até porque eu acho que não somos donos daquilo que escrevemos a partir do momento em que publicamos. Sou apenas o arrendatário e o valor da renda é a minha imaginação e motivação, o que, tal como acontece fora da blogoesfera - há 10 anos esta palavra era tão jovem e irreverente. O que lhe aconteceu? Como é que as palavras envelhecem tão rápido? -, eleva bastante o preço e faz com que a partir de determinado momento tenha de me mudar.

 

Outra compulsão que eu tenho quando crio um blogue é a de fazer um primeiro post de introdução a explicar em que vai consistir e a convidar quem quiser a passar por cá sempre que quiser - no fundo, a porta está sempre aberta para quem quiser entrar ou sair. A razão pela qual o faço está um pouco ligada à forma como a minha mente está organizada: primeiro uma apresentação, depois um desenvolvimento e, por fim, um fim sem despedidas nem anúncio oficial. Como tem de ser. Acredito que seja mais doloroso para quem morre o momento da consciencialização da morte, sobretudo quando há tempo para despedidas, do que a morte em si. Não consigo ser cruel com um ser vivo, como sem dúvida um blogue é, a esse ponto. Um blogue meu nunca definhará. Morrerá rapidamente e sem dor.

 

Muitas (das poucas) vezes, irei publicar textos a dar a minha opinião sobre algo que se comenta por aí ou sobre aquilo que se comentou sobre algo que aconteceu por aí. Outras vezes irei publicar apenas uma frase ou ideia solta - se eu fosse uma ideia, sem dúvida que seria uma ideia solta. Uma ideia que não é solta precisa sempre de outra que a encadeie. Está dependente. Não é livre. Se há coisa que eu prezo é a liberdade. Proponho até que se solte uma pomba branca por todas as ideias encadeadas. Ou uma marcha lenta por todas as capitais europeias. Factualmente, uma ideia solta nunca deu azo a nenhuma desgraça e, na maioria das vezes, são até mais geniais do que as ideias encadeadas. E que ninguém as acuse de egoísmo. Egoísmo é obrigar tantas ideias que por aí andam a terem que se encadear com uma ideia solta. 

 

Sem qualquer espécie de promessa, aqui me descubro perante vocês: o meu Mundo frase a frase. Ironia e sarcasmo usados sem aviso prévio.

 

Bem-vindos ao 605 Forte!

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