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605 Forte

O meu Mundo frase a frase. Ironia e sarcasmo usados sem aviso prévio.

O Livro

por F., em 18.06.17

Há determinadas barreiras e zonas para as quais ninguém quer ir mesmo que seja a escrever. Sobretudo quando sabemos que vamos publicar e há a possibilidade de que outros leiam. Outro dos objectivos deste blogue é quebrar um pouco isso e tentar colocar mais de mim em cada post. Não me entendam mal - um post pode ser exclusivamente racional que nãoo deixa de estar lá parte do seu autor. Refiro-me, no entanto, a uma escrita menos lógica que, naturalmente, pode sempre deixar antever o que está por trás das cortinas. Quero fazê-lo não por sentir uma necessidade de exposição - até porque o facto de escrever determinada coisa não é uma autorização de livre-trânsito seja para aquilo que for -, mas sim pela busca contí­nua da maturidade da minha escrita. Porque é que a maturidade da minha escrita é importante? É a isso que dedicarei as próximas linhas.

 

Um dos meus objectivos passa por um dia conseguir escrever um livro. Não um qualquer. Escrever um livro, para mim, não é um fim em si mesmo. Não se trata sequer de uma questão financeira ou de reconhecimento intelectual. É algo que se prende puramente com questões de realização pessoal. Só há uma condição para eu publicar um livro: tenho de escrever o meu livro preferido. É isso que me move e é isso que muitas vezes me faz balancear em diversos estilos e temas de escrita - a eterna busca da maturidade de escrita. Uma coisa é escrever um post e sentir-me pleno com o resultado - não acontece assim tantas vezes. Outra totalmente diferente é conseguir isso em 300 ou 400 páginas. Para eu publicar um livro tenho de estar satisfeito com cada carácter - não no sentido de personalidade. No sentido do que, erradamente, por aí­ se escreve como sendo caracter. A coisa que mais me poderia amargurar daqui a uns anos enquanto fazedor de textos seria olhar para um livro assinado por mim e sentir que não estava à  altura do meu nome - não há aqui qualquer presunção. Apenas auto-estima e, até, auto-conceito. Deixar-me-ia mais triste até do que não conseguir escrever o meu livro preferido. Sendo que escrever livros para chegar ao nível que quero está fora de questão, é necessário arranjar alternativas. Essa é a verdadeira razão pela qual crio blogues e escrevo textos tão diferentes no mesmo espaço. Sem qualquer limitação seja de que estilo for. O objectivo é claro: conseguir deitar as 400 páginas de palavras que tenho dentro de mim cá para fora. Uma a uma.

 

Uma leitura mais leviana das palavras que aqui estão escritas poderia pressupor que não está aqui patente algo í­ntimo. A escrita define-se sempre como um objectivo. Às vezes é uma preocupação. Outras vezes é também uma angústia. Poucas coisas há mais í­ntimas do que as que nos satisfazem, preocupam e angustiam ao mesmo tempo. São essas as coisas que nos vulnerabilizam, mas também são essas as coisas que fazem tudo valer a pena.

 

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