Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

605 Forte

O meu Mundo frase a frase. Ironia e sarcasmo usados sem aviso prévio.

Busílis da Questão

por F., em 15.03.24

As rendas estão tão altas que hoje em dia ninguém sabe onde reside o busílis da questão. 

Se Soubesse Aquilo Que Sei Hoje...

por F., em 25.01.24

... tudo teria corrido pior, obviamente. 

Epitáfio do Mundo

por F., em 03.01.24

Somos cada vez tão mais qualificados que é mais fácil ser enganado por um canalizador ou um empreiteiro do que por um médico ou um engenheiro.

Desconforto

por F., em 03.01.24

Quem tem perguntas chega mais longe do que quem tem respostas.

Baseado em Factos Reais

por F., em 04.12.23

Na sala de espera de um Hospital Oftalmológico a conversa (não se pode chamar "discussão" quando só há um ponto de vista) era intensa e acalorada. Um punhado de indivíduos já no ocaso da vida queixava-se de que os jovens não saíam de casa dos pais mais cedo porque não queriam, de que os media manipulavam a opinião pública, de que as pessoas não querem trabalhar e de que os políticos são todos iguais e só não resolvem os problemas do país por manifesta falta de vontade ou interesse. "Só não vê quem não quer", rematou um deles. Teve alta no instante seguinte. 

Ética

por F., em 04.12.23

Sem futuro não há ética. 

Amor Impossível

por F., em 22.08.23

Passeava-a todos os dias na sua cabeça. 

Quando os Bacalhaus Não Estavam em Extinção

por F., em 07.08.23

Sou um moderado. Pertenço àquele grupo que coloca a ponderação em primeiro lugar. Um grupo que cada vez mais caminha a passos largos para a extinção, como os bacalhaus. Ser moderado hoje em dia exige alguma coragem - o tipo de coragem moderna: nada que coloque a integridade física em risco (até porque, acabei de dizer, coloco a ponderação em primeiro lugar). A moderação nos dias de hoje é o lugar onde os pés mais queimam. A sociedade vive para destruir o ponto de vista contrário. É uma constante contenda onde nada se constrói, como é próprio de qualquer contenda. Um moderado é visto como uma espécie de comuno-fascista. Os moderados são atacados pelos dois lados de forma intensa. O apelo para nos abrigarmos num dos lados da barricada é muito forte. É mais sedutor ser nós contra eles do que nós contra todos.

O advento das redes sociais mudou, temo que para sempre, o espaço público. Antes, o espaço público era praticamente igual para todos. Era um jogo de um tabuleiro só. Hoje em dia, os algoritmos oferecem-nos uma visão totalmente parcial da realidade. Há vários tabuleiros ao mesmo tempo e nós só vemos alguns. Foi isso que fez com que no Reino Unido tenhamos encontrado votos a favor do Brexit de amantes da caça e de animalistas: interesses completamente opostos, mas ambos com a crença de que a saída da União Europeia serviria melhor a sua causa. Um paradoxo apenas possível por aquilo que os algoritmos lhes davam a ler. Quando o espaço público era apenas um, pessoas com ideias semelhantes votavam de forma semelhante. Hoje em dia, pessoas com pensamentos radicalmente opostos, muitas vezes, votam da mesma forma. O apelo é sempre o mesmo: vota em mim e eu ajudo-te a destruir os outros. Isto dito a todos. É a isto que chamam polarização.

Sou de uma família católica e fui criado com esses valores. Hoje em dia não pratico qualquer religião. Mantenho-me um moderado no meio do debate dos que acreditam cegamente em tudo o que a Igreja diz e que esse é o caminho da salvação e os que acham que a Igreja não serve para nada. Os fanáticos têm sempre uma coisa em comum: querer impor aos outros a sua forma de viver e isso não foge à regra neste debate. Em ambos os lados. Não acredito em Humanidade sem espiritualidade. Seja sobre a forma de uma religião ou noutra qualquer expressão. Ridicularizar a crença Católica com base na impossibilidade de alguém andar sobre a água, curar leprosos sem cuidados médicos ou transformar água em vinho é pensar no assunto de forma simplista. É tão improvável que assim seja como a posição dos astros no momento do nosso nascimento ter alguma influência na nossa vida e em quem somos, tão improvável como achar que manifestar determinado desejo nos coloca mais próximo de o alcançar ou tão improvável como determinadas superstições e a influência que podem ter nos nossos destinos, apenas para dar alguns exemplos. As crenças são-no precisamente porque não são possíveis de provar. Se o fossem, chamar-se-iam Ciência. Dito isto, não é, pois, um duelo sobre quem tem factualmente razão, mas sobre o impacto e importância que a religião e, neste caso, o Catolicismo em particular podem ter no Mundo.

Acompanhei as Jornadas Mundiais da Juventude e não pude deixar de registar com agrado, da perspectiva de quem não pratica nenhuma religião, a mensagem de abertura, inclusão, esperança e paz que foram veiculadas. Se o Catolicismo existe, acreditemos ou não, que exista para fazer do Mundo um lugar melhor. Uma mensagem simples e que deveria apelar a todos. Quem não é Católico tem o direito de exigir da Igreja na sua dimensão social. Se é criticável a gestão que a Igreja fez dos casos de abuso (que, já agora, não foram perpetrados pela Igreja Católica, como diziam os cartazes, mas por elementos da Igreja. Não é apenas uma nuance semântica), deveria ser legítimo e até fácil aceitar o impacto positivo destas mensagens. Infelizmente, muito daquilo que vi, até em jornais, foi muitas pessoas a tentar reduzir as Jornadas a palavras e acções despropositadas de uma ínfima minoria do milhão e meio de peregrinos que estiveram presentes no evento. Haverá sempre maus Católicos e Católicos maus, mas não foi esse o caminho que a Igreja disse querer cumprir. Se na sociedade houvesse menos polarização e mais vontade de construir, era possível aceitar que a prática do Catolicismo não é uma agressão em si a quem não acredita. Registei um fenómeno semelhante ao que acontece no Dia dos Namorados: muitos solteiros sentem-se vulneráveis e, atacados até, nesse dia. Apenas porque não fazem parte. No caso das Jornadas, não fazer parte é uma opção nossa. Não há qualquer razão para nos sentirmos excluídos. Afinal de contas, são as nossas crenças. A felicidade dos outros nunca deveria ser razão para nos causar qualquer espécie de mal-estar. Por mais inverosímil que possamos considerar a razão da felicidade de alguém, nunca esqueçamos que o outro está a ser feliz enquanto nós estamos a perder tempo a julgá-lo.

Continuo a não praticar nenhuma religião, mas gostei de ouvir o Papa e ver tantas pessoas felizes e a viver o evento com tanta intensidade tão perto de nós. Infelizmente, hoje em dia, isto parece ser cada vez mais um paradoxo. Tenho esperança de que um dia seja possível não viver o espaço público como uma luta pela sobrevivência dos nossos pontos de vista e a nossa vida não se gaste num eterno desejo de afirmação. Talvez nesse dia, seja mais fácil deixarmos de nos sentir atacados e culpados por todos os males do Mundo. Talvez nesse dia os bacalhaus deixem de estar em extinção.

Rotina

por F., em 24.07.23

A rotina é aquilo que dá ao ser humano a falsa sensação de segurança. É por isso que é necessária. Deve ser por isso que dizem que somos um animal de hábitos. 

Nome

por F., em 24.07.23

A invenção humana para responder à pergunta "Quem és?" da única forma confortável que existe de responder à pergunta "Quem és?": não responder.